quarta-feira, 18 de julho de 2018

Alucinação

Insone grito seu nome
Eco de vozes na escuridão
Despertos fantasmas consomem meu chão
Não há lugar seguro
Todo choro é vulcão
Buscando refúgio em palavras que implodem
E só fodem mais a construção
Derretendo paredes de máscaras
Dissolvendo medos e egos
A ausência destrutiva é cama
A pessoa deitada é solidão.

Sertão

Não há o que beber
Não há água na fonte
Nem lago que transborde
Nem brisa do mar que desconte
Há só a ausência seca
Arranhando goela adentro
Enquanto imploro sedenta
Pela chuva que me refaço

Serenidade

Serenidade é as coisas acontecerem no tempo certo, do jeito certo, sem esforço algum.
É estar com preguiça de tentar, de correr atrás, de mudar e mesmo assim as coisas se encaminharem e acontecerem.

Serenidade é ver aquilo que tanto te preocupa e tanto te angustia se transformar em um passarinho voando e dar lugar a uma sensação de paz.

Serenidade é não se preocupar com o amanhã, é não se preocupar com o depois, é não se preocupar com o que os outros querem ou pensam de você.

Serenidade é o meu nome agora.


Fogo na água

Mesmo a intensidade mais incandescente
Sucumbe tamanha pressão
Imerso não há ar que sustente
molhada combustão
Perde‐se o desejo em lágrimas torrentes
Esfria corpo nu em abandonada ilusão
Afundando, não há palavra que esquente
Nada se ouve mergulhado na solidão
Sufoca sofejos, ansejos e beijos ausentes
Engole delírios, suspiros, perdão
Do que poderia ter sido futuro presente
Sobrou fogado pavio coração.