quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Incapaz de esperar

O que fazer se estou de mãos atadas?
Como ajudar o outro a encontrar o caminho do meio se estou eu mesma fora do eixo?
Só posso mudar o que está dentro de mim, porque estou fraca demais pra lutar contra as forças exteriores.
Então o que fazer se vejo que o outro está precisando de mim?
O que fazer se sinto dentro de mim o desespero, a dúvida, a necessidade de apoio que assolam a mente e o coração de quem quero bem?
Só posso esperar que a minha mudança interna reverbere e se multiplique no espaço. Só posso esperar que a minha mudança gere mais mudanças em mim, no outro, nos outros. E que elas sejam boas e inspirem as pessoas a mudar para melhor.

Eu só posso esperar...
Esperar que dê certo.
Esperar que seja bom.
Esperar que seja suficiente.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Conto do Condado L'eau Courante - Fezta Medieval Salvador


O Nascimento da Flor de Nelumbo:

Algumas eras atrás o ato de contar esta história a quaisquer homens seria considerado um sacrilégio, de acordo com nossos costumes. Entretanto, ainda são tempos de paz, e o espírito de boa vontade exige que sejamos condescendentes com os que não possuem os olhos e os ouvidos agudos o suficiente para perceber as grandes verdades, nem invernos bastantes para lembrar o passado distante.
Esta não é uma balada élfica para ser imitada por menestréis ridículos em tabernas sujas, nem um relato histórico para ser sepultado entre os papéis de algum estudioso. Este é o mito de nosso povo, tal qual lembrado através dos séculos, incontáveis como os ramos das árvores, em sua pureza e simplicidade original. Deve ser escutado com o coração, e se for assim, qualquer espírito honesto reconhecerá sua verdade. Uma verdade dura, tanto para nós como para qualquer homem.

“Os seres da floresta sussurram e estalam, lembrando o que as curtas vidas dos homens, e nem mesmo as nossas podem alcançar. Que nós e os homens - e outros seres que não nos apraz lembrar - são parentes de sangue, descendentes de um mesmo povo, antigo e sem nome.”

“Vivia tal povo, nos tempos remotos, antes dos reinos e suas glórias, antes da história escrita dos sábios, na era dos Mythos, quando os poderes divinos habitavam a terra entre os mortais, pois o próprio mundo era como um sonho, cheio de maravilhas, e de terrores.”

“Entre os deste povo, ainda ingênuo e sem refinamentos, houve um dia, alguns que primeiro olharam para o céu, e que, inspirados, primeiro falaram com vozes. Estes que assim fizeram, acharam entre as luzes celestes aquilo que consideraram ser a coisa mais bela que já haviam visto.”

“Viram no céu uma estrela, cuja luz era esmeralda e prata, brilhando graciosa, irradiando luz e canto cristalino, em todas as direções. Era verde com a esperança, e alva como a bondade, singela como uma flor, mas grande em majestade.”

“Descobriram, porém, que nem todos tinham os olhos agudos para ver a estrela esmeraldina. Aqueles que não a viam, desconfiaram daqueles que apontavam, sorridentes, para o nada. Alguns julgavam que mentiam. Outros sentiam-se invejosos.”

“Logo, os amantes da bela estrela sentiram-se estranhos em sua própria tribo, e deixaram as vilas de seus parentes, partindo para as florestas e bosques distantes, onde poderiam ficar entre seus semelhantes, e juntos louvar sua bela musa.”

“Entre os verdes bosques sem fim, aqueles que tinham olhos para ver viveram em exílio, mas não havia entre eles tristeza ou saudade. A Estrela-Madrinha derramava sobre eles sua glória, e por sua benção, os exilados tornaram-se um belo povo.”

“Quantas graças lhes foram dadas! Por seu canto cristalino, ela os ensinou a ouvir a música das esferas, ensinou-lhes a cantar como cantam as estrelas, e a dançar como elas, na abóbada celeste, dançam.”

“Ela os fez altivos como os pinheiros, e graciosos como as faias. Deu-lhes a pureza das ervas, e a perenidade dos carvalhos. Apresentou-os aos animais da floresta por seus verdadeiros nomes, e tornou-os amigos e aliados para sempre.”

“Tantas foram as maravilhas, que o belo povo esqueceu-se do mundo fora das florestas. Mal sabiam eles, que nas clareiras, seus velhos parentes haviam encontrado suas próprias estrelas para adorar, e que estranhos talentos elas os haviam concedido”

“Alguns erguiam torres de madeira e pedra, altas como as montanhas. Outros domavam as Feras e as convertiam em seres cativos. Ainda haviam os ousados, que cruzavam os mares e o Oceano. Mas de todos os prodígios, um era o mais terrível:”

“O Homem Havia Dominado os Poderes do Fogo!”

“Desse horror falamos aos prantos e aos sussurros, pois os deuses decerto deram aos homens um poder além do que planejara o Destino. O Fogo havia encantado os homens, e eles se tornaram escravos de sua infinita fome.”

“Davam de tudo ao fogo em sacrifício: madeira d’árvore, óleo e carvão, e mesmo a carne de seus irmãos, lançando fumaça negra e cinzas aos céus. Desde então o belo povo jurou ódio aos que ferem a floresta, e hoje ainda guardam-na.”

“Eis que os belos foram às armas e aos arcos, e fizeram saber aos homens que as folhas e os animais tinham amigos e que em seus domínios haveria uma lei:”

-“Um osso partido para cada ramo espezinhado”
-“Um coração tomado para cada criatura ferida”
-“Uma criança roubada para cada bosque conspurcado”

“E os homens se atemorizaram dos guardiões das árvores, e não mais as violaram, mas a ganância humana só não é maior que sua estupidez. Tão certo como a espada fere quem não sabe empunhá-la, também o fogo é um gênio sem mestre, e queima muito mais que o esperado.”

“O fogo fugiu à mão dos homens, e logo abraçou as vilas, os castelos e as florestas. Por dias e noites a fio, tudo se cobriu de chamas, e o desespero tomou os corações do povo altivo. Em honra das florestas e da Estrela Esmeraldina, eles lutaram contra as flamas, e sofreram, e gritaram, e morreram.”

“Por todo o mundo ouviu-se, estridente, um lamento, vindo do céu noturno. Era a alva-e-verde, a Estrela viva, que chorava. A Diva então cessou seu pranto, e falou à suas irmãs, com a voz aguda e imponente das estrelas:”

-“Perdoem-me augustas luzes da noite, pois por eras eu cumpri meu fardo. É chegado o momento de meu crepúsculo: Vou-me, cair do Horizonte, viver para sempre no coração de meus amantes.”

“Mal despontava o dia, e um rastro verde cruzou os céus, e mesmo o incêndio crepitou pasmado. Rasgou as nuvens e conjurou uma chuva mágica, fresca como o próprio céu, com o perfume da primavera, e o som tilintante de grãos de prata.”

“No último bastião da floresta, a estrela cadente veio pousar. Sua emanação era ao mesmo tempo luz branca, música vítrea, e seiva verde, fúida e cálida, penetrando cada fenda da terra, e cada poro dos filhos do bosque, curando toda dor e toda ferida.”

“O Povo belo se levantava, refeito e curado, sentindo-se vivos como nunca foram antes. Diante de seus olhos a vida se regenerava, em um crescimento virente, e não havia sinal algum de fogo ou chama, extintos sob a fria chuva.”

“Reuniram-se no primeiro círculo feérico que este mundo viu, feito ao redor do leito de morte da estrela, o qual chamamos Nelumbo, “grama-esperança”. E alguém disse: Uma estrela morreu por nós! Nós nunca esqueceremos!”

“Como que por resposta, algo se animou na cratera. Na terra molhada se abriu uma semente, que germinou em uma linda muda de árvore, que fez um botão, e este floresceu. A Flor era verde e prata.”

“Foi assim que se deu o milagre, e assim guardamos até hoje essa verdade: Que por Amor dos Sidhe A Estrela se fez Gérmem, o Gérmem se fez Broto, e o Broto se fez Flor, Em Nelumbo, onde a Esperança dorme.”

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Stardust


Pelo mesmo motivo que Ivaine, eu brilho... porém, muito mais que ela.