quarta-feira, 23 de maio de 2007

Perco a batalha mas não a guerra...


Engula seu ódio!
Teu sentimento imundo vai te corroer por dentro e transbordar por seus olhos,
mas o veneno que proferes só vai destruir a ti.
Não vou mais permitir que você me estupre com essa raiva.
Meu sangue é tão vermelho quanto o seu e ele corre também por entre veias,
então, o que te faz pensar que é inatingível?
Sou livre!
Tua ignorância não vai restringir meu passo.
A crueldade que semeias não atinge os puros.
O imaculado branco da minha consciência não se alterará,
pois sei que fiz o que era necessário para que houvesse paz
mas não ficarei impassível quanto a guerra.
Posso não saber usar as tuas armas mas sei usar as minhas e as usarei.
É uma pena...
Que sejas cega a esse ponto.
Não vê que nessa guerra particular, todos perdemos?
Eu perdi a alegria, o rumo e a esperança.
Você perdeu a razão, o brilho e a amizade.

quarta-feira, 16 de maio de 2007

A Rainha das fadas


Não havia nada que ela pudesse fazer para remediar o que já havia acontecido.
Nem todos os encantamentos que soubesse, nem todas as magias que pronunciasse fariam o tempo voltar atrás.
Ela pensava, que justo ela, com tantos caminhos andados, tantos sortilégios lançados, tantos destinos previstos, havia sido pega de surpresa!
Toda sua imponência de Rainha, agora de nada adiantava. Os sábios já haviam previsto mas ela não acreditou, afinal, era Rainha!
Governava com total dedicação, nada passava despercebido a seus olhos. Era toda dedicação ao bem estar de seus súditos.
Se sabia intuitivamente o grau de felicidade das fadas que a rodeavam porque não reconheceria a mudança de seus próprios sentimentos?
Ela era feliz. Tinha um reino próspero e bonito, súditos alegres, satisfeitos, dedicados.
A energia que circulava em seu reinado era tão deliciosa como o orvalho da manhã e emanava tanta força que podia ser percebida em outros planos.Mas ela nunca havia imaginado antes que essa energia pudesse ser sentida no plano dos humanos.
E foi exatamente isso que aconteceu.
Um humano sentiu. Tamanha energia o intrigou.
Ele não era crente nessas coisas de outros mundos como pregavam os outros povos do Condado. Ele acreditava tão somente no Sol sobre sua cabeça como regente universal. Seu único Deus, única forma de manifestação do inexplicável, único motivo para lutar até o fim de sua jornada.
Defenderia a honra dos ingleses em nome de seu Deus-Sol em qualquer batalha. Vivia para isso.
Era só mas não era triste. Estava satisfeito com o que tinha. Os amigos, o castelo no Condado, os jogos anuais, as caçadas no verão, as festas, as mulheres das festas...
Não esperava muito... mas...
Foi essa dúvida que o impulsionou em direção aquela energia.
De tudo que já havia visto nada se comparava aquilo.
Ela se banhava no rio. Era linda. Seus cabelos negros caiam delicadamente sobre os ombros e faziam um belíssimo contraste com sua pele branca.Seus movimentos eram tão naturais que pareciam fazer parte do próprio movimento das ondas do rio.
Ele se aproximava discretamente, escondendo-se entre a vegetação. Estava inebriado com a presença dela. A água ao redor dela refletia os raios do sol, iluminando sua face.Era um aviso...
O próprio Sol a havia criado e o tinha guiado até ali.
Ele a observava cada vez mais perto, sorvendo do ar todo seu encanto. Os olhos dela eram negros e profundos como o céu à noite e possuia também as estrelas!
Ela finalmente o percebeu. Era alto... até demais para um elfo... Possui um resplandecente brasão no peito, vermelho como as rosas e dourado como o sol.
Seus olhos negros como o dela, a fitavam e pareciam invadir sua alma como um cavaleiro tomando posse de suas terras. Não podia ser um habitante dali...mas era tão belo...
Ele entrou na água.
Ela estava tão aturdida com aquela aparição que não conseguiu esboçar qualquer tipo de reação de defesa.
Ele a tomou nos braços e se inclinou delicadamente para beijá-la.
Tinha medo. Ela era tão frágil que poderia se quebrar se ele fosse muito brusco em suas ações.
Ele a beijou e sentiu como se o mundo inteiro desaparecesse embaixo de seus pés. Ela era a própria fonte que saciava a sede de anos no deserto da solidão.
Ela sentiu seus braços fortes envolvendo seu corpo, eram como um sopro morno de vento no verão aquecendo-a aos poucos.
Sentiu o rosto dele se aproximar, a floresta a sua volta diminuir e quando os lábios se tocaram ela pode entender as profecias...
O próprio universo se manifestava naquele momento. A própria Terra emanava satisfação.
Não havia mais retorno...
Ela estava completa agora. Era a própria Lua cheia no céu.
As almas haviam se encontrado.
Ela entendeu agora o que sonhara na noite anterior. Ela tinha que estar ali, encontrar aquele cavaleiro era seu destino...
Aquele encontro já havia sido previsto pelos sábios. E ela sabia o que se seguiria... ela deveria partir com ele...
Quando seus lábios se separaram, ele entendeu seu olhar..retirou sua capa e a cobriu, tomou-a nos braços e fez o caminho de volta ao condado.